Ex-presidente do Congresso, Renan passou a ocupar o posto no início
deste ano e adotou postura contrária ao governo Temer; em discurso, ele disse
que não serve para ser 'marionete'.
Por
Gustavo Garcia, G1, Brasília
O
senador Renan Calheiros (PMDB-AL) (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
O senador Renan
Calheiros (AL) anunciou nesta quarta-feira (28) em plenário que decidiu deixar
a liderança do PMDB no Senado.
Segundo a
colunista do G1 Andréia Sadi, o líder do
governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), articula para o senador
Garibaldi Alves (RN) assumir o posto. Garibaldi, porém,
nega interesse na vaga e defende que Raimundo Lira (PB) substitua Renan.
Ex-presidente
do Congresso Nacional, Renan passou a ocupar a função no início deste ano e,
desde então, tem adotado postura contrária ao
governo do presidente Michel Temer, criticando,
principalmente, as reformas da Previdência Social e trabalhista.
"Deixo a liderança do PMDB. Devolvo,
agradecido aos meus pares, o honroso cargo, que procurei exercer com a
dignidade merecida, sempre orientado pelos objetivos mais permanentes no
país."
Na sequência do
discurso, Renan fez duras críticas ao governo e afirmou que não serve para ser
"marionete".
Ao plenário, o
senador acrescentou que, se permanecesse na função, isso significaria que ele
havia decidido ceder às exigências de um governo que trata o PMDB como um
"departamento" do Poder Executivo.
"Ingressamos num ambiente de intrigas,
provocações, ameaças e retaliações, impostas por um governo, suprimindo o
debate de ideias e perseguindo parlamentares."
'Vocação para
marionete'
Ao dizer que
não tem "a menor vocação para marionete", Renan Calheiros afirmou que
o governo do presidente Michel Temer não tem credibilidade para conduzir as
reformas propostas ao Congresso Nacional.
Para o senador,
as reformas sacrificam os mais pobres e discriminam regiões e, por isso, ele
decidiu "ficar com a sociedade".
"Precisamos, claro, de um plano econômico de
emergência. Ontem [terça, 27], o ministro do Planejamento [Dyogo de Oliveira]
chamou a atenção para a crise fiscal que o país atravessa. Eu defendo reformas,
mas não as reformas destinadas a abolir direitos trabalhistas conquistados a
duras penas."
Postura 'covarde' de Temer
No discurso, de
pouco mais de 15 minutos, Renan Calheiros disse, ainda, que não
"detesta" Michel Temer, mas não "tolera" a postura
"covarde" do presidente de "desmonte" das leis
trabalhistas.
Ao avaliar que
a situação política do país é "gravíssima", o senador acrescentou, na
sequência, que a crise tem se aprofundado todos os dias e, por isso, cabe ao
Congresso Nacional defender os interesses do país, sem que os parlamentares se
apeguem a cargos no governo.
"Não detesto Michel Temer. Não é verdade o que
dizem. Longe disso. Não tolero é a sua postura covarde diante do desmonte da
Consolidação do Trabalho. A situação econômica e política do país é gravíssima.
Todos os dias vemos o aprofundamento do caos e começamos a trilhar um
preocupante caminho que, ao longo da história do Brasil, nunca acabou bem"
Influência de Cunha
No
pronunciamento desta quarta, Renan voltou a dizer, como tem feito desde o
início do ano, que o governo de Michel Temer é influenciado pelo
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba.
"Como
mudar o pensamento de um governo comandado por Eduardo Cunha?"
Renan, então,
se referiu às delações de executivos da JBS segundo as quais Temer deu aval para
pagamentos de propina a Cunha para evitar que o ex-deputado
feche acordo de delação - o presidente nega.
Na sequência, o
senador disse que o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), aliado de
Temer, cometeu "ledo engano" ao dizer em Cunha estava
"politicamente morto". Os "últimos acontecimentos",
acrescentou Renan, mostram que o deputado, mesmo preso, nomeou ministros e deu
ordens ao governo.
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